Mais uma imagem da tragédia na Indonésia, pescada da internet.
Ontem, dia 29/09, eu publicava aqui uma foto de Nias, com o intuito de acalentar o meu sonho de surfar essas ondas, horas antes de um terremoto dos mais violentos atingir a região. A vida não é mole.
Lembro de recente ligação telefônica recebida diretamente de Padang, uma das cidades, a capital, da ilha de Sumatra atingidas pelo terremoto, do amigo Glick, que comomorava o início de uma trip e as poucas horas que o separavam das ondas perfeitas de Telos...
Fico pensando e lamentando o sufoco que milhares de pessoas estão passando na região neste momento. As agências de notícias falam em mais de 100 pessoas mortas. E fico imaginando e querendo descobrir alguma relação entre a existência de ondas perfeitas num lugar onde ocorrem tantos terremotos, deslocamentos de placas, tsunamis...
Não consigo. Lamento pela situação que eles estão passando, entre eles muitos surfistas e provavelmente alguns brasileiros; sem esquecer das mazelas que vejo ao sair nas ruas aqui mesmo nos arredores da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, onde trabalho (e onde os fenômenos naturais não são tão graves - aqui, no Brasil, a gravidade está na atitude das pessoas, dos políticos de merda, dos empreiteiros, da sede pelo poder e total ausência de comprometimento com o bem comum etc.) ou mesmo próximo da minha casa, na vizinha Niterói, onde a qualidade de vida vai piorando a cada hora.
E, como não poderia deixar de ser, fico pensando em como ficarão as ondas da Indonésia. Pode ser até que melhorem, já que o lugar é abençoado pelo Deus das Bancadas. Mas, de que adianta, ir surfar em um lugar onde o povo está martelado, soterrado, empobrecido... Ao mesmo tempo, somos nós surfistas uma boa parcela dos que levam divisas a esses lugares, além do crowd. E somos nós surfistas que devemos nos conscientizar com as coisas que existem na Indonésia, além das ondas perfeitas. Acho que não podemos apenas ir até lá em busca do prazer que os tubos dão. Há que se ter algum comprometimento com questões que vão além do surfe. Não sei exatamente como, mas sei que deve haver uma forma.
Fica aqui essa reflexão e o desejo de que a população atingida pelo terremoto (que também atingiu o Pacífico, a Samoa etc. e pode ter afetado muitas ondas famosas) se recupere e que milagres aconteçam para que menos pessoas morram e percam tudo que conseguiram acumular na vida.
E aqui na paz da internet nós ainda achamos e vamos continuar achando que temos problemas.
E eu aqui lamentando de nunca ter surfado Nias, ainda com medo de ficar velho e encurvado o bastante para não fazer isso nunca na vida.
Até!
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