19 agosto, 2008

Privacidade?! II

A falta de privacidade provocada pelas câmeras que são usadas para informar a condição do mar e das ondas nos sites especializados em surfe finalmente chegou à grande imprensa. Essa é uma discussão que merece ser levada pra frente, e que pode contar com a participação das pessoas que trabalham nos meios de comunicação especializados em surfe e afins.

Hoje em dia, com o aumento diário da violência nas ruas de TODAS as cidades brasileiras, o uso de câmeras que monitoram as ruas é realmente um mal necessário, que pode ajudar o trabalho do Estado no combate à violência. Perde-se a privacidade, sim, mas já é hora das pessoas irem se acostumando a cortar a própria carne por uma causa que traz melhorias para um número enorme de pessoas, para todos. Lembrando que estou falando aqui das câmeras instaladas em vias públicas ou, até mesmo, na rua principal de um bairro como Itacoatiara, devidamente controladas pela polícia que, de preferência, deveria montar um esquema de fiscalização deste monitoramento. Ou seja, uma câmera da corregedoria gravando o que se passa na sala de controle das câmeras que gravam imagens nas ruas. O irmão mais velho do Big Brother em ação. Ou, o Big Father...

Mas, a galera do surfe, na busca pela onda perfeita, fazendo uso louvável da tecnologia disponível e causando uma verdadeira revolução no que diz respeito à pergunta: “Como estão as ondas hoje?!”, acabou entrando nessa história, a da garantia da privacidade alheia.

Eu já tinha percebido isso há um tempo atrás (http://surfepensado.blogspot.com/2007/01/privacidade.html) quando percebi o poder da câmera que fica no Itacoatiara Pampo Clube. Queria saber como estavam as ondas e, ao invés de olhar as fotos, decidi clicar no vídeo. Notei uma certa agilidade do aparelho quando o controlador do mesmo foi do Pampo ao Meio da Praia com uma nitidez que me deixou preocupado. Quem era aquele Big Brother?! Quem tem o direito de operar uma câmera dessas?! Quais são os pré-requisitos para uma pessoa poder receber a autorização para operar um equipamento que pode focalizar nitidamente uma onda ou... uma bunda, uma mulher, homem, criança... na praia, em trajes de banho?! O meu lado perverso, que todos têm, e que a cada segundo vivo para mantê-lo sem ação, me sussurra que coisas horríveis podem sair da operação deste tipo de equipamento.

AS CÂMERAS UTILIZADAS PARA MONITORAR AS CONDIÇÕES DO MAR E DAS ONDAS NÃO PODEM TER O PODER DE “VARRER” A PRAIA TODA COM OLHOS QUE PODEM SER DE QUALQUER OUTRO TIPO DE PESSOA QUE NÃO SEJA UM SURFISTA.

NA MINHA OPINIÃO, NEM PRECISA DE CÂMERA DE VÍDEO. TRÊS FOTOGRAFIAS JÁ SÃO O BASTANTE PARA DAR UMA NOÇÃO DA CONDIÇÃO DAS ONDAS, PELO MENOS POR UM PERÍODO DO DIA. CLARO QUE DEPENDE DO FOTÓGRAFO FAZER O SEU TRABALHO DIREITO, COM CAPACIDADE DE USAR O SEU OLHAR PARA PASSAR ESSA INFORMAÇÃO PELAS IMAGENS. MUITOS NÃO CONSEGUEM, O QUE É NORMAL. MAS, PIOR É O OLHAR DE UM TARADO, PEDÓFILO, MASTURBADOR PERVERTIDO SEM RESPEITO PELO SER HUMANO, OPERANDO UMA CÂMERA DESTE TIPO, QUE JÁ ESTÁ, FINALMENTE, DANDO O QUE FALAR. Veja matéria do jornal O Dia - http://odia.terra.com.br/rio/htm/camera_revela_mais_do_que_deve_na_praia_188799.asp

Sinceramente, espero que o pessoal dos sites especializados em surfe, como por exemplo o Waves ou o E-Surf, entre outros, pensem sobre este assunto, reflitam e tomem uma atitude. Os meios de comunicação especializados em surfe não podem mais ter uma postura alienada, como se não fizessem parte da sociedade. Estamos justamente na era em que não é mais preciso ir à praia para saber como está o mar. O purismo do surfe está nas mãos de quem vai à praia cedo ver o mar; de quem vai surfar independente do que dizem os boletins (que erram muito, não só pela má qualidade do informante, mas também por causa da magnífica magia da Natureza); de quem sai no frio e na chuva e pega onda, às vezes ruim, pelo prazer de estar em contato com o mar e as ondas. Sem essa de se alienar, ainda mais se tratando de gente que trabalha com o surfe, mas está num escritório, não pega onda quase nunca e, muitas vezes, está em Sampa, bem longe do mar.

Pelo engajamento do meio do surfe nessa discussão sobre privacidade que está sendo ventilada pela grande imprensa. Pelo ajuste das câmeras que gravam imagens nas praias, fixando o seu alcance nas ondas e deixando transparente o seu modo de operação e fiscalização.

E que os lesados busquem os seus direitos na justiça! A garantia da impunidade está dando vazão a atitudes negativas por parte de gente que teve acesso à educação, gente que foi criada por família, com carinho, sem motivo aparente pra fazer tanta merda.

Até!