12 setembro, 2011

Boa lua cheia pra quem é de Hemisfério Sul! Saravá!

Lua cheia nascendo no point de Burleigh Heads. Claudio da Matta


Boa lua cheia pra quem é de Hemisfério Sul! Saravá!

Aqui de baixo do outro lado vai tudo bem, apesar do cara aqui não estar surfando tanto quanto gostaria. Aqui, e praticamente em qualquer lugar, o surfista tem que ter um carro pra poder percorrer a costa (que novidade). A minutos daqui, de carro, sempre tem dado onda, em D'Bah, por exemplo. As vezes tem um metrinho lá, enquanto em Burleigh Heads não tem praticamente nada. Muito maral também durante o dia, geralmente (coisas dessa época do ano). Mas, se acordar cedo e quando o swell da uma entortadinha deixando a ondulação passar pra cá o negócio fica bonito. Até o vento ajuda nessas horas, sem avisar ele para. Ainda não tive a sorte de pegar um swell no tal do Super Bank, continuação da onda de Snappers. To devendo essa e outras assinaturas no livro de presença. Ontem inaugurei mais um pico, Fingal, de carona, sempre muito grato aos novos amigos, que por sinal não são brasileiros, apesar da grande massa verde e amarelo na região… Existe uma espécie de república alemã aqui interessantíssima, gente do surfe e da arte, inspiração pura para uma vida mais saudável seja onde for. E salve aos australianos que conheci até agora, gente que abriu a porta da casa demostrando, pra mim, uma disposição nova e interessante do ser humano, algo que muita gente compartilha no Brasil, mas que infelizmente pra mim não é tão comum. Legal conhecer e aprender.

E tudo há de se resolver. Novas deliberações no front adiantam que vamos içar as velas e botar a barca pra andar novamente (provavelmente contra o vento, o que eu posso fazer se parece ser o mais difícil?!). Na volta o vento é a favor, tudo tem o seu lado positivo, a gente tem que acreditar.

Um dos planos na origem desse passeio era experimentar a realidade de se tornar um cidadão estrangeiro em outro país. As ideias e os sentimentos foram, e estão o tempo todo, se adaptando à realidade (pelo menos tentando) e o foco mudou. Ainda não será dessa vez que vamos "sentar praça" em outra bandeira. Vamos atacar de turi(surf)ista e dar um role por aí. Essa é a decisão que vigora nesse momento, até segunda ordem.

O plano inicial é conhecer a lendária Bells Beach, que fica perto da cidade de Torquay, no estado de Victoria. Depois, a ideia é conhecer outra lendária, Margaret River, em Western Australia, chegando pela cidade de Perth. Em seguida, na previsão da realização de grandes sonhos… a ilha de Bali. O roteiro está se formando, a internet gratuita das lanchonetes alheias está ajudando (assim como velhos e novos amigos) e eu também aproveito pra pedir a sua dica caso possa me orientar sobre como me hospedar de forma barata e o mais próximo possível desses lugares!

Isso tudo ainda está no plano das ideias. Uma ideia firme porem. E aproveitando que talvez na próxima lua cheia (lá pra 13 de outubro) eu esteja escrevendo de outra região, evocando a energia desse astro tão cultuado e utilizado como fonte de conhecimento e adoração eu divido o projeto da 'viagem dentro da viagem' com quem está lendo isso aqui até agora junto comigo.

Eu poderia estar roubando, matando etc. ou tirando onda que tá tudo lindo e maravilhoso, que no último swell peguei vários tubos em Kirra, mas não é o caso (perdi o swell, tava na aula de ingles, fazer o que?). Poderia também esconder o planejamento, aguardando pra postar uma foto num pub de Melbourne ou num hostel na Great Ocean Road, com um copo lotado de cerveja, mas esse também não é o caso.

O caso agora é mais de aceitação (o "descubra-te quem és" já passou, ainda pouco mas tudo bem), de levar as coisas no macio, na linha em que se apresentam, sem fazer muito com a pseudo obrigação do sucesso e a aversão ao que muitos chamam de fracasso (tem gente que vê de um jeito mais interessante). Se der errado deu, vai virar outra coisa. E o espaço segue sempre aberto para a sua contribuição, sempre bom lembrar!

Boa lua cheia pra quem é de Hemisfério Sul!


É tão bom poder reconhecer aqui nesse céu as tão familiares estrelas que formam o Cruzeiro do Sul e a constelação de Escorpião, coisas que meu pai querido me ensinou a achar no céu, algo que faz a gente se sentir perto estando longe, algo que nos situa no mundo hoje-aqui-agora tenho certeza. De acordo com essas estrelas e com meu pai, não estou longe de nada, estou perto, apesar da saudade (algumas, e talvez cada vez mais será assim, eternas). De acordo com essas estrelas, esse céu e essa lua cheia a turma da banda de cá do equador está numa conexão especial. Salve a energia da lua cheia!

Espero voltar aqui em breve, pelo menos com fotos de novos lugares dessa ilha-país-continente. Sai pra lá tubarão branco! Axé! 

Viajando na lua cheia como caneta tentando fazer o abecedário. Fica aqui a assinatura desse texto. Um grande abraço! C.