04 outubro, 2011

Viagem na Viagem




Tudo quase pronto...
Escrevo da cidade de Melbourne, depois de ter a chance de surfar pequenas ondas em 13th Beach e em Bells Beach. Quando viajamos conhecemos pessoas. Algumas nós encontramos novamente pelo caminho. Como na vida, né?! Sendo assim, fui bem recebido na região de Torquay por um casal que conheci na tumultuada noite em que finalmente consegui voar para a Austrália (04 de julho). Eles moram em Barwon Heads, perto de uma das partes mais consistentes (como se fala propriamente, em surfês, quando um lugar recebe ondas boas para o surfe constantemente), em termos de ondas, da Austrália.

Nada nunca será perfeito, só às vezes, e por pouco tempo… Quase não tinha onda durante minha passagem pela Surf Coast, como essa parte do litoral é chamada. Depois de pegar dois dias de pequenas ondas e conhecer talvez o mais tradicional museu de surfe do mundo, o Surf World, na região onde é realizado o campeonato mais antigo da história, o Bells Beach Classic (50 anos!) ou Rip Curl Pro, sei lá (!), fui percorrer a Great Ocean Road.

Caminho pra Barwon Heads
Trata-se da Rio-Santos australiana… ou algo muito parecido. Talvez seja a saudade que me faz associar. Não sei o que nos faz percorrer quilômetros só para ver alguma coisa. Ver… Por que alguns lugares atraem as pessoas? Multidões vão a muitos lugares do mundo só para olhar. Um monumento, uma paisagem… Nós surfistas, aparentemente, fazemos mais coisas, já que não ficamos apenas sentados na areia da praia pegando sol, nós entramos no mar, pegamos a onda, ou tentamos etc. Essa é uma grande diferença pra mim. Algo que move a vida de muita gente, incrível.

Finalmente, o mar...
Mas dessa vez peguei a estrada principalmente para ver o visual de uma formação rochosa… Os 12 Apóstolos. Acho que tudo tem a ver com energia. Aqui na Australia, a energia do povo aborígine (os índios daqui) é muito forte. A ausência deles é marcante. Em todos os lugares, os nomes dos lugares são na maioria aborígines. Soam bem, assim como os nomes indígenas que nos lembram de quem eram as praias aí no Brasil, e quem eram os verdadeiros locais. Volta e meia você percebe a sensação da tentativa oficial que existe na Australia de reconhecer e se desculpar pela forma brutal como seus índios foram dizimados, assassinados. Não tenho como não fazer essa associação aqui, o tempo todo.

13th Beach
Fico revoltado como no Brasil, principalmente nos grandes centros, não existem comunidades indígenas, mercados indígenas, propriedades indígenas. Não sobrou nada deles, só os nomes. Que força têm esses nomes, fora a beleza. Itacoatiara… Piratininga… Itaipu… (queria conhecer um saite bom pra indicar, pra gente conhecer mais da cultura do índio brasileiro). Tallebudgera, Duranbah, Boojerooma, Goomoolahra, Bundjalung… Uma das tribos indígenas na região de Paraty, a tribo Araponga, que já tive o prazer de visitar, é formada por índios que vieram da Amazônia, mas de território que nem faz parte do Brasil.
Joey in the pouch
Isso não é reclamação. Tão conseguindo terra, mas falta índio pelo jeito… Em Paraty mesmo, eles não conseguiram ser donos de nenhuma loja, que eu saiba, no centro histórico, vendem seu artesanato na beira da calçada (quando não se perderam na cachaça). Uma pena (muito mais do que isso)! Já ouvi falar que no norte do país eles são fortes, têm grandes reservas de terra ainda, pedras preciosas e tal. E por incrível que pareça tem até índio sem contato com o nosso mundo até hoje. Salve a Amazônia! Diz aí Kau, meu brohter indigenista.





13th Beach - água gélida...
Completando o pensamento viajante… percebo que na Austrália, contrastando com os amigos que conheci e por quem fui muito bem recebido, tem muito racismo! E meus amigos australianos já me falaram sobre isso! Os red necks, como são conhecidos aqui os caras que habitam uma terra que foi de índios, mas são racistas. Ninguém é daqui senão os índios. Mas tem muita gente aqui que odeia "estrangeiros", veladamente, ou de forma explícita, basta encher a cara. Os asiáticos são mal vistos e até motivo de piada… num país novo… muito mais novo do que o nosso ainda novo Brasil. Raça humana estranha essa...

Casa simpática - com gente ainda mais simpática!
'Rasta' é o nome do vovô labrador.
Voltando ao assunto da Viagem na Viagem, mais uma etapa percorrida.

Muita chuva, vento fortíssimo pra conseguir ver os tais 12 Apóstolos. Port Campbell, vilarejo fantasma onde me hospedei, pra poder tirar fotos dos 12 (não são exatamente 12, alguns estão debaixo d'água, outros parece que desmoronaram, pois são fruto de erosão, esculpidos pela Mãe) sem chuva… Parti pra Melbourne.

Muita gente cria galinha aqui, cuida do lixo
e faz compostagem, além de pegar onda...
Cidade bonita, onde mais uma vez tive a chance de rever companheiros da estrada e conhecer mais gente. Ser recebido longe de casa, por pessoas que você não conhece direito é uma coisa muito legal. Aprendizado puro pra quando a gente tiver que receber as pessoas na nossa casa, cidade, praia… Fui pra night. Lembrei muito da época da escola ouvindo o puro rock and roll
australiano, e a música inglesa (influência fortíssima aqui, claro!), da turma do New Order (salve minha 8a série! Rafa! 1988!).




Adoro o nome dessa reserva. Respeito ao surfe!
Me parece que rola um estilo característico na guitarra… não sei, não entendo de música. Melbourne, uma mistura de Europa com Austrália (com pitaco dos EUA - Talking Heads…). The Church, New Order, Spy vs Spy, Smith, uma mistura que é melhor eu
não tentar analisar ou falar sobre…




Lendária Bells Beach! Cheers! Nice to meet you!
Também não vou pesquisar os outros nomes das bandas que ouvi falar, que curti nos pubs que entrei na Melbourne alternativa que tive a sorte de conhecer um pouco. Muito legal!





A Estrada!
Agora a espera, meio no tédio, é para seguir para Western Australia, com foco na região de Margaret River. Vamos ver o que me espera por lá… Dessa vez sem carro alugado e com mais tempo pra ficar a espera das ondas. Tentando me preparar pra chegar em Bali…

Até!








RC Groms Search na praia de Jan Juc.
Aqui também rola campeonato sem onda...










PS: Pra ter uma noção do que pode ser a Melbourne alternativa, praqueles que tem Facebook - https://www.facebook.com/Footscrays.Finest?sk=wall

Outros links:

http://australiasurfe.blogspot.com/ (uma das primeiras fontes de pesquisa - veja logo na abertura do site como eu poderia ter pego Bells... ai ai ai...)
http://www.myspace.com/yahyahsbar/music/playlists
http://www.thechurchband.net/




Ps: Ainda faltam muitas fotos. Não sei qual a melhor forma pra mostrar isso tudo... Vai ser num churrascão lá na casa da mamãe! Aos amigos, tudo!



Amo minha roupa de borracha. Nunca pensei que fosse sentir isso...

O carro do amigo adaptado pra ela, a Estrada!
Início da Great Ocean Road

Ótimo presságio pra um início de viagem.

Quem pode, pode... Loucuras da engenharia, independente do gosto...

Lorne

Lorne

Lorne
Pulando um pouco o caminho... vamos aos 12!

12 Apóstolos

12 Apóstolos

6 comentários:

Castro Pereira disse...

Fala Brasa!!!
Gostei do post e do que li. Viajando, viajando com vc. Very good brah.
Saúde e big abç

Claudio da Matta disse...

Bom saber que ta por aqui, Castro! Abraço!!!

Julio Rodrigues Maschietto disse...

Claudinho, irmão, muito irado toda a sua reflexão. Quem lê viaja na sua viajem... Obrigado pelo seu trabalho. Continue. Valeu te conhecer meu brother!! E viva Niterói!!

Billy disse...

Belas imagens, gostei muito.
Fico esperando outras postagens.

Claudio da Matta disse...

Valeu, Billy! Grande abraço e obrigado pela visita!

Claudio da Matta disse...

Valeu Juliooooo!!! Espero que estejas pegando altas aí na sua Indo!!!!!